Mudanças entre as edições de "Equações Telegráficas - Equações da Onda Viajante"

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A figura abaixo mostra uma seção infinitesimal de uma linha de transmissão sendo submetida a uma tensão e percorrida por uma corrente. A partir da análise das tensões e correntes instantâneas desse modelo chegaremos nas equações da onda viajante na linha de transmissão
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A figura 1 mostra uma seção infinitesimal de uma linha de transmissão sendo submetida a uma tensão e percorrida por uma corrente. A partir da análise das tensões e correntes instantâneas dessa seção chegaremos nas equações da onda viajante na linha de transmissão.
  
  
 
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Figura 1: Seção infinitesimal  de uma linha de transmissão.
 
fonte: WENTWORTH, Stuart M. Eletromagnetismo Aplicado: Abordagem Antecipada das Linhas de Transmissão. Bookman, 2009.
 
fonte: WENTWORTH, Stuart M. Eletromagnetismo Aplicado: Abordagem Antecipada das Linhas de Transmissão. Bookman, 2009.
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'''A partir de Kirchhoff para a malha temos:'''
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:::::<math>\ v(z,t) - v(z+\Delta z,t) = i(z,t) R'\Delta z + L'\Delta z{\partial i(z,t) \over \partial t}  </math> (1)
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'''E de Kirchhoff para o nó <span style="color: red"> a </span>:'''
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:::::<math>\ i(z,t) - i(z+\Delta z,t) = v(z+\Delta z,t) G'\Delta z + C'\Delta z{\partial v(z+\Delta z,t) \over \partial t}  </math> (2)
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Dividindo as equações (1) E (2) por <math>\Delta z</math> e fazendo <math>\Delta z {\longrightarrow 0}</math>:
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:::::<math>\  \lim_{\Delta_z \to 0} {v(z,t) - v(z+\Delta z,t) \over \Delta z} = i(z,t) R' + L'{\partial i(z,t) \over \partial t}  </math>  (3)
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:::::<math>\lim_{\Delta_z \to 0} {i(z,t) - i(z+\Delta z,t) \over \Delta z} = v(z,t) G' + C'{\partial v(z,t) \over \partial t}  </math> (4)
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Os limites nas equações (4) e (5) correspondem a definição de derivada, portanto podemos escrever as equações telegráficas:
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{| class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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| <math>\  -{\partial v(z,t) \over \partial z} = i(z,t) R' + L'{\partial i(z,t) \over \partial t}  </math>  (5)
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|}
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{|class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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|<math>\  -{\partial i(z,t) \over \partial z} = v(z,t) G' + C'{\partial v(z,t) \over \partial t}  </math>  (6)
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== Solução das equações telegráficas via uma função harmônica no tempo (sinusoidal)==
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Vamos obter a solução para as equações telegráficas a partir de uma solução harmônica no tempo, isto é, vamos considerar que a tensão v(z,t) é cossenoidal.
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A equação de uma onda de tensão cossenoidal e descrita por:
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:::::<math>\  v(z,t) = v(z) \cos(wt+\psi (z))</math> (7)
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v(z) e &psi; (z) são funções apenas da posição z.
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Considerando a identidade de Euler [ <math>e^{j\psi} = cos \psi + jsen \psi</math>], podemos reescrever a equação (7) como:
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:::::<math>\  \Re\left \{ e^{j\psi}\right \}= cos \psi</math> (8)
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:::::<math>\  v(z,t) = v(z) cos(wt+ \psi (z)) = \Re \left \{v(z) e^{j(wt+\psi(z))}\right \}</math>
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:::::<math>=\Re\left \{v(z)e^{+j \psi(z)} e^{jwt}\right \}</math> (9)
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Da representação de função complexa:
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:::::<math>\  V(z)= v(z) e^{-j\psi(z)}</math>  (10)
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Portanto:
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:::::<math>\  v(z)=|V(z)|</math> (11)
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:::::<math>\  \psi(z)= arg \left \{V(z)\right \}</math> (12)
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A análise feita considerando uma onda de tensão tem sua equivalente em termos de uma onda de corrente.
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=== Equação da onda viajante ===
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Lembrando que:
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::::<math>\  {\partial \Re \left \{ e^{jwt} \right \} \over \partial t} ={\partial \Re \left \{ cos (wt) + jsen (wt)  \right \} \over \partial t}</math>
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::::<math>\  = {\partial cos(wt) \over \partial t} = -wsen (wt)</math>
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e
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::::<math>\Re \left \{ jwe^{jwt} \right \}= \Re \left \{jw( cos(wt) + jsen (wt)) \right \}</math>
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::::<math> = -wsen (wt)</math>
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temos:
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::::<math>{\partial \Re \left \{ e^{jwt} \right \} \over \partial t} =\Re \left \{ jwe^{jwt} \right \}</math>
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portanto: 
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::::<math>{\partial v(z,t) \over \partial t}= {\partial \Re \left \{ V(z)e^{jwt} \right \} \over \partial t}</math>
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::::<math>{\partial v(z,t) \over \partial t}= V(z) {\partial \Re \left \{ e^{jwt} \right \} \over \partial t} = V(z) \Re \left \{ jwe^{jwt} \right \} </math>
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::::<math>{\partial v(z,t) \over \partial t}= jwV(z) </math>
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Utilizando a notação de função complexa e substituindo v(z,t) e i(z,t) nas equações telegráficas (5) e (6):
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{| class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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| <math> {\partial V(z) \over \partial z} = -(R + jwL) I(z)  </math>  (14)
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|}
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{| class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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| <math>{\partial I(z) \over \partial z} = -(G + jwC) V(z)  </math> (15)
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|}
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Derivando a primeira equação telegráfica (14) em função de z:
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::::<math> {\partial^2 V(z) \over \partial z^2} = -(R + jwL) {\partial I(z) \over \partial z} </math>
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e substituindo <math>{\partial I(z) \over \partial z}</math> pela segunda equação telegráfica (15) temos:
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::::<math> {\partial^2 V(z) \over \partial z^2} = (R + jwL) (G + jwC) V(z) </math>  (16)
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fazendo <math> \gamma^2 = (R + jwL) (G + jwC)</math>  isto é  <math> \gamma = \sqrt {(R + jwL) (G + jwC)} = \alpha + j\beta  </math>
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::::<math> {\partial^2 V(z) \over \partial z^2} -\gamma^2 V(z) =0  </math>  (17)
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A equação (17) é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem. Uma solução para esta equação é uma função exponencial, como:
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::::<math>V(z) = Ae^{\lambda z}</math> (18) 
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onde A e <math>\lambda</math> são constantes arbitrárias.
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Derivando duas vezes a função (18) em função de z temos:
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::::<math>{\partial^2 V(z) \over \partial^2 z} =\lambda^2 Ae^{\lambda z}</math>
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e a equação (17) pode ser reescrita como:
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::::<math>\lambda^2Ae^{\lambda z} - \gamma^2 Ae^{\lambda z} = 0</math>
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ou
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::::<math>\lambda^2 - \gamma^2 = 0 </math> ou <math>(\lambda+\gamma)(\lambda-\gamma) = 0 </math>
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Uma solução para essa equação é <math>\lambda = -\gamma </math>, portanto:
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::::<math>V(z) = Ae^{-\gamma z}</math>
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Retornando para a representação no tempo:
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::::<math>v(z,t) = Ae^{-\alpha z} cos (wt - \beta z)</math>
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Substituindo A por uma constante mais significativa <math>V_o^+</math>
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::::<math>v(z,t) = V_o^+e^{-\alpha z} cos (wt - \beta z)</math> (19)
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A equação (19) corresponde a uma onda de tensão se propagando na direção +z com amplitude em z=0 de <math>V_o^+</math>
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Da segunda solução  <math>\lambda = \gamma </math> temos:
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::::<math>v(z,t) = V_o^-e^{\alpha z} cos (wt + \beta z)</math> (20)
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A equação (20) corresponde a uma onda de tensão se propagando na direção -z com amplitude em z=0 de <math>V_o^-</math>
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A resposta completa da equação (18) é a equação da onda viajante no tempo, a qual é obtida pela soma das soluções individuais da equação diferencial:
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{| class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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| <math>v(z,t) = V_o^+e^{-\alpha z} cos (wt - \beta z) + V_o^-e^{\alpha z} cos (wt + \beta z)</math> (21)
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|}
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Uma análise equivalente poderia ser realizada para i(z,t) obtendo:
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{| class="wikitable" style="margin: auto;color:red; background-color:#ffffcc;" cellpadding="10"
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|<math>i(z,t) = I_o^+e^{-\alpha z} cos (wt - \beta z) + I_o^-e^{\alpha z} cos (wt + \beta z)</math> (22)
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Edição atual tal como às 09h17min de 13 de outubro de 2015

A figura 1 mostra uma seção infinitesimal de uma linha de transmissão sendo submetida a uma tensão e percorrida por uma corrente. A partir da análise das tensões e correntes instantâneas dessa seção chegaremos nas equações da onda viajante na linha de transmissão.


Modelo distribuido com corrente e tensao instantaneas.png

Figura 1: Seção infinitesimal de uma linha de transmissão. fonte: WENTWORTH, Stuart M. Eletromagnetismo Aplicado: Abordagem Antecipada das Linhas de Transmissão. Bookman, 2009.

A partir de Kirchhoff para a malha temos:


(1)


E de Kirchhoff para o nó a :


(2)


Dividindo as equações (1) E (2) por e fazendo :


(3)


(4)


Os limites nas equações (4) e (5) correspondem a definição de derivada, portanto podemos escrever as equações telegráficas:


(5)


(6)


Solução das equações telegráficas via uma função harmônica no tempo (sinusoidal)

Vamos obter a solução para as equações telegráficas a partir de uma solução harmônica no tempo, isto é, vamos considerar que a tensão v(z,t) é cossenoidal.

A equação de uma onda de tensão cossenoidal e descrita por:


(7)


v(z) e ψ (z) são funções apenas da posição z.

Considerando a identidade de Euler [ ], podemos reescrever a equação (7) como:


(8)



(9)


Da representação de função complexa:


(10)


Portanto:


(11)


(12)


A análise feita considerando uma onda de tensão tem sua equivalente em termos de uma onda de corrente.


Equação da onda viajante

Lembrando que:




e




temos:



portanto:





Utilizando a notação de função complexa e substituindo v(z,t) e i(z,t) nas equações telegráficas (5) e (6):


(14)


(15)


Derivando a primeira equação telegráfica (14) em função de z:



e substituindo pela segunda equação telegráfica (15) temos:


(16)


fazendo isto é


(17)


A equação (17) é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem. Uma solução para esta equação é uma função exponencial, como:


(18)


onde A e são constantes arbitrárias.


Derivando duas vezes a função (18) em função de z temos:



e a equação (17) pode ser reescrita como:



ou


ou


Uma solução para essa equação é , portanto:



Retornando para a representação no tempo:



Substituindo A por uma constante mais significativa


(19)


A equação (19) corresponde a uma onda de tensão se propagando na direção +z com amplitude em z=0 de


Da segunda solução temos:


(20)


A equação (20) corresponde a uma onda de tensão se propagando na direção -z com amplitude em z=0 de


A resposta completa da equação (18) é a equação da onda viajante no tempo, a qual é obtida pela soma das soluções individuais da equação diferencial:


(21)


Uma análise equivalente poderia ser realizada para i(z,t) obtendo:

(22)