PJI3 20202

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Projeto Integrador III

Professora: Juliana Camilo (juliana.camilo@ifsc.edu.br)
Encontros: 4a feira/19:00, 6a feira/19:00

PPC Curso Técnico Subsequente de Telecomunicações


11/11/2020: Apresentação da disciplina.

Aula 1

Apresentação da disciplina

Introdução ao problema de estudo

A disciplina de Projeto Integrador 3 tem como assunto principal as tecnologias de enlace e rede que podem ser usadas para implantar redes locais e redes de acesso. Além disso, uma introdução à redes WAN faz parte do programa da disciplina.


A aplicação dos conceitos se dará com a execução de um projeto, que é o tema central da disciplina. O projeto deve tornar possível usar e experimentar boa parte das técnicas e tecnologias estudadas. Sendo assim, o projeto escolhido foi: um provedor de acesso metropolitano. Tal provedor deve prover acessos tanto cabeados quanto sem-fio, além de oferecer hotspots WiFi em lugares estratégicos para seus clientes. A rede do provedor deve se integrar à Internet por meio de links WAN contratados de operadoras, tais como Embratel, Oi e GVT. Um conjunto de tecnologias serão necessárias para implantar um provedor com essas características, e por isso precisarão ser estudadas com bom nível de detalhe ao longo da disciplina.

Atividade

Nesta primeira aula o objetivo é descrever as características do serviço a ser oferecido pelo provedor, e pensar na infraestrutura necessária para que seja implantado. Isso inclui investigar o que os provedores que já existem tem oferecido para seus clientes, e que tecnologias eles utilizam. Ao final da aula, deveremos ter:

  • A descrição do produto oferecido pelo provedor, incluindo planos de acesso com suas características
  • Uma estimativa das tecnologias que podem ser utilizadas

13/11/2020: Endereçamento IPv4. Configuração Estática e Dinâmica

Aula 2


Como visto em Redes de Computadores e Projeto 2, computadores e equipamentos na Internet (chamados de hosts) precisam ter um identificador único e que seja válido globalmente. Os endereços IP, definidos pelo protocolo da Internet (IP - Internet Protocol) são números de 32 bits que desempenham o papel de identificadores globais. Cada um desses endereços é comumente representado em uma notação decimal, com um número entre 0 e 255 para cada 8 bits. como mostrado na figura a seguir. Com isso, é possível em tese endereçar até hosts na Internet, o que equivale a pouco mais de 4 bilhões de endereços.

PJI3-Ip1.jpg
Um endereço IP apresentado em notação decimal e em binário

Configuração de endereços

O endereço IP de um host pode ser configurado de forma estática ou dinâmica. No primeiro caso, o usuário predefine o endereço IP no próprio equipamento. No segundo, o equipamento usa um protocolo especial de configuração para obter sua configuração de rede.


Um conjunto de informações são necessárias para que um host consiga efetivamente se comunicar em rede, as quais não se limitam ao endereço IP. Essas informações são:

  • Endereço IP e máscara de rede: um host precisa de um endereço para que possa se comunicar com outros hosts. A máscara de rede informa o tamanho da subrede IP em que ele se encontra (e ocm isso pode-se saber quais endereços IP fazem parte dessa subrede).
  • Rota default (padrão): para se comunicar com hosts de outras subredes, é preciso enviar os pacotes para um roteador que saiba encaminhá-los a seus destinos. O roteador default (ou padrão) é um roteador para quem se destinam todos esses pacotes. Tecnicamente ele corresponde à rota para o destino 0.0.0.0/0.
  • Endereço IP do servidor DNS: usuários costumam endereçar hosts e servidores por seus nomes de domínio, e não por seus endereços IP. Isso é muito mais fácil de memorizar do que os endereços numéricos. Nomes de domínio são análogos a nomes de assinantes em um catálogo telefônico. No entanto, as aplicações precisam dos endereços IP para se comunicarem. O servidor DNS faz a tradução de nome de domínio para endereço IP, e é usado pelas aplicações transparentemente (isso é, você não percebe que isso ocorre). Assim, as aplicações se comunicam com o servidor DNS para resolver nomes de domínio e obter seus respectivos endereços IP. O endereço desse servidor deve ser configurado em cada host, para que se possam traduzir nomes de domínio.

Configuração estática

A configuração estática envolve um usuário gravar a configuração de rede de forma persistente na memória do host. Cada tipo de equipamento apresenta um procedimento diferente para armazenar a configuração de rede estática. Por exemplo, em computadores com sistema operacional Linux da família Debian (tais como Debian, Ubuntu, Mint e muitos outros), a configuração de rede fica armazenada no arquivo /etc/network/interfaces:

iface eth0 inet static
  address 10.1.23.19
  netmask 255.255.255.0
  gateway 10.1.23.254


Em roteadores sem-fio TP-Link WDR 4300, essa configuração de rede pode ser gravada por meio de uma interface web para gerenciamento do equipamento:

PJI3-Tplink-lan.jpg
Menu Network->LAN da interface web do roteador sem-fio TP-Link WDR4300


E, em roteadores Cisco, a configuração estática é feita por meio de comandos na CLI (Command Line Interface), os quais ficam gravados na memória permanente do roteador.

router# configure terminal
router(config)# interface e0
router(config-if)# ip address 10.1.23.19 255.255.255.0
router(config-if)# exit
router(config)# ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 10.1.23.254
router(config)# exit
router# write memory
router# write terminal
Building configuration...

Current configuration : 472 bytes
!
version 12.3
!
hostname Router
!
interface Ethernet0
 ip address 10.1.23.19 255.255.255.0
!
ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 10.1.23.254

Configuração dinâmica

Um host pode obter suas informações de rede dinamicamente por meio do protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). Desta forma, não há necessidade de o usuário saber as informações de rede necessárias para configurar corretamente seu equipamento. Isso torna possível também centralizar e automatizar a distribuição de endereços de rede para hosts. Se alguma das informações precisar ser modificada (ex: o roteador default), basta alterá-las no serviço DHCP para que toda a rede seja eventualmente reconfigurada.

A maioria dos equipamentos de usuários vem de fábrica com configuração de rede dinâmica. Isso vale para computadores pessoais, em que os sistemas operacionais detectam as interfaces de rede e as configuram com DHCP, smartphones, tablets, câmeras IP, ATA e telefones IP, impressoras, e possivelmente outros equipamentos. Em computadores pessoais com sistemas operacionais Linux da família Debian, uma interface pode ser configurada dinamicamente se for declarada em /etc/network/interfaces desta forma:

iface eth0 inet dhcp


A configuração de interfaces com DHCP no arquivo /etc/network/interfaces não é o procedimento usual, ao menos não em versões desktop desses sistemas operacionais. Nesses casos, o mais comum é que tal configuração seja feita por um daemon chamado network-manager. Esse daemon implementa um serviço de configuração de rede automática para o computador, e tenta configurar automaticamente todas as interfaces de rede que não foram configuradas em /etc/network/interfaces.

Protocolo DHCP

DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol) é um protocolo para obtenção automática de configuração de rede, usado por computadores que acessam fisicamente uma rede. Esses computadores são tipicamente máquinas de usuários, que podem usar a rede esporadicamente (ex: usuários ocm seus laptops, com acesso via rede cabeada ou sem-fio), ou mesmo computadores fixos da rede. O principal objetivo do DHCP é fornecer um endereço IP, a máscara de rede, o endereço IP do roteador default e um ou mais endereços de servidores DNS. Assim, um novo computador que acesse a rede pode obter essa configuração sem a intervenção do usuário.

Para esse serviço pode haver um ou mais servidores DHCP. Um computador que precise obter sua configuração de rede envia mensagens DHCPDISCOVER em broadcast para o port UDP 67. Um servidor DHCP, ao receber tais mensagens, responde com uma mensagem DHCPOFFER também em broadcast, contendo uma configuração de rede ofertada. O computador então envia novamente em broadcast uma mensagem DHCPREQUEST, requisitando o endereço IP ofertado pelo servidor. Finalmente, o servidor responde com uma mensagem DHCPACK, completando a configuração do computador cliente. Como a configuração tem um tempo de validade (chamado de lease time), o cliente deve periodicamente renová-la junto ao servidor DHCP, para poder continuar usando-a. O diagrama abaixo mostra simplificadamente esse comportamento:

Dhcp-diag.gif



Abaixo segue um diagrama de estados detalhado do DHCP, mostrando todas as possíveis transições do protocolo:

Dhcpfsm.png

O servidor DHCP identifica cada cliente pelo seu endereço MAC. Assim, o DHCP está fortemente relacionado a redes locais IEEE 802.3 (Ethernet) e IEEE 802.11 (WiFi).

Servidor DHCP

Em uma rede local em que hosts devem obter sua configuração de rede dinamicamente, deve haver ao menos um servidor DHCP. Esse serviço costuma estar disponibilizado em equipamentos de rede, tais como pontos de acesso sem-fio e roteadores. Por exemplo, o roteador sem-fio TP-Link WDR 4300 oferece esse serviço, que pode ser configurado e ativado por meio de sua interface de gerenciamento.

PJI3-Dhcp-tplink.jpg
Configuração do serviço DHCP na interface web do roteador TP-Link WDR4300


Podem existir mais de um servidor DHCP em uma mesma rede local, porém há que ter um cuidado. As faixas de endereços concedidas por diferentes servidores não podem se sobrepor. Assim, se um servidor DHCP oferece endereços entre 192.168.1.20 e 192.168.1.100, um outro servidor DHCP pode oferecer endereços entre 192.168.1.110 e 192.168.1.200, mas não entre 192.168.1.90 e 192.168.1.150.


Servidores DHCP como esse costumam ser limitados. Com eles se consegue tão somente definir a faixa de endereços IP a ser concedida, o tempo de concessão, o servidor DNS e o roteador default. Porém há muitas outras possibilidades no serviço DHCP, tais como:

  • Vincular um endereço IP a um host específico, com base em seu endereço MAC.
  • Informar o nome do domínio DNS e o nome do host
  • Informar os endereços de uma ou mais impressoras
  • Indicar um arquivo de boot a ser usado pelo host
  • ...e muitas outras opções !


O uso de um servidor DHCP completamente funcional demanda um programa especial a ser executado em um computador. O software ISC DHCP Server oferece todas as opções DHCP, além de ser altamente configurável. Ele pode ser instalado e executado em um computador com sistemas operacionais Linux, BSD, Solaris, entre outros da família Unix. Esse servidor DHCP é configurado por meio de um arquivo de configuração, cuja localização depende de como o software foi instalado. Em sistemas Ubuntu, em que o servidor DHCP pode ser instalado a partir de um pacote de software chamado isc-dhcp-server, esse arquivo está em /etc/dhcp/dhcpd.conf. Um exemplo simples desse arquivo está a seguir:

# tempos de concessão, em segundos
default-lease-time 600;
max-lease-time 7200;

# Algumas opções de uso comum
option subnet-mask 255.255.255.0;
option broadcast-address 192.168.1.255;
option routers 192.168.1.1;
option domain-name-servers 191.36.8.2, 191.36.8.3;
option domain-name "sj.ifsc.edu.br";

# subrede 192.168.1.0/24 com duas faixas de endereços a serem concedidos:
# 192.168.1.100 a 192.168.1.150
# 192.168.1.190 a 192.168.1.240

subnet 192.168.1.0 netmask 255.255.255.0 {
   range 192.168.1.100 192.168.2.150;
   range 192.168.1.190 192.168.2.240;
}

Atividade

Objetivo

  • Explorar o uso de endereçamento IPv4 em redes locais

Roteiro 01: configuração de endereços

PJI3-Lab3-1.jpg
Rede dos experimentos

Tomando como base a rede do laboratório mostrada na figura, faça esses procedimentos no papel, e se possível em uma máquina virtual:

  1. Configure manualmente seu computador para que use um endereço IP da subrede 172.18.20.128/25.
  2. Sabendo que o roteador do laboratório possui endereço 172.18.20.129, e os servidores DNS do IFSC são 191.36.8.2 e 191.36.8.3, como ficaria a configuração do arquivo de rede para que os computadores consigam acessar a Internet?
  3. Agora configure seu computador para que obtenha seu endereço IP dinamicamente. Use o arquivo /etc/network/interfaces para esse propósito
  4. Identifique o endereço IP obtido, a rota default e os servidores DNS
  5. Investigue como a interface obtém sua configuração de rede:
    1. Desconfigure sua interface de rede com este comando:
      sudo ifdown -a
      
    2. Execute o wireshark, ativando a captura de datagramas UDP
    3. Reative sua interface de rede:
      sudo ifup -a
      
    4. Identifique as mensagens do protocolo DHCP no wireshark, comparando-as com este diagrama.