Apresentação do Livro Do Discurso à Ação

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Apresentação do Livro "Do Discurso à Ação - Uma experiência de gestão participativa na educação pública" Jesué - Nilva e Silvana


A idéia de contar nossa experiência de gestão na forma de um livro tem como ponto de partida o desafio proposto pela Diretora Geral do Sistema CEFET-SC, professora Consuelo Aparecida Sielski Santos, durante a transferência de cargo para o novo diretor eleito. Isso aconteceu no dia 13 de fevereiro de 2007.

Exatos quatro anos antes havíamos assumido a direção da instituição com muitos ideais e muitas dúvidas sobre o que poderia ser realizado.

Provavelmente, o convite para a elaboração deste livro foi motivado a partir da leitura de um texto chamado “Reflexões sobre o Exercício da Direção de uma Instituição”, elaborado com o objetivo de garantir a continuidade dos trabalhos pela nova direção eleita.

No primeiro momento, o de euforia e de emoção pelo convite, nosso desejo era começar a escrever na mesma noite. Mas percebemos que o momento era de se fazer muita reflexão e pesquisa para saber por onde começar.

Em um segundo momento, sentimos o peso da responsabilidade. Segundo dados do MEC, são milhares de escolas sem energia elétrica, milhares de professores sem curso superior, milhares de gestores educacionais indicados por critérios políticos, que nem sempre consideram o mérito ou a capacidade gerencial, milhares de escolas sem recursos mínimos para sua manutenção.

Portanto, contar nossa experiência de gestão participativa sem considerar a realidade educacional brasileira e refletir como a mesma poderia ser aplicada em escolas mais carentes de recursos financeiros e humanos não nos pareceu ser o melhor caminho.

Moraes (2006) apresenta algumas informações disponibilizadas pela Unicef e pelo MEC, obtidas a partir de uma pesquisa com 33 escolas brasileiras nas quais os alunos se destacaram na Prova Brasil (Matemática e Língua Portuguesa).

Essas informações podem ajudar-nos a responder por que os alunos destas instituições obtiveram notas acima da média das escolas públicas brasileiras. O que será que essas instituições tinham de diferente, permitindo que seus alunos tenham obtido maior sucesso na avaliação?

Essas escolas apresentavam características comuns: Os docentes eram capacitados, valorizados e incentivados a desenvolver práticas pedagógicas que tinham significado para a realidade de seus alunos; a comunidade participava da gestão através de conselhos escolares; os alunos eram ouvidos pela Direção antes da tomada das decisões e participavam da vida escolar através da produção de jornais e da rádio interna; parcerias externas possibilitavam melhorias de infra-estrutura e realização de diversos projetos sócio-culturais. Essa pesquisa nos deu uma pista de qual o caminho seguir para que nossos alunos aprendam mais e sejam mais bem sucedidos não só em exames, mas em seu processo de emancipação.

Não existe uma receita pronta para o sucesso. Cada gestor escolar tem que construir seu caminho. E isso pode ser feito aprendendo com os erros e acertos de seus colegas de profissão.

Pensamos que a troca de experiência entre os gestores é a melhor forma para errar menos e garantir o sucesso de nossos alunos.

Em quatro anos de gestão, vivenciamos uma imensa variedade de situações e firmamos nossa convicção de que a gestão participativa é o melhor caminho para se administrar uma instituição educacional. Pensamos que a gestão pedagógica participativa começa desde a escolha da Direção pela comunidade e segue no dia-a-dia com o fortalecimento dos órgãos deliberativos coletivos.

Para chegar à Direção da Unidade São José, passamos por uma eleição onde votaram os alunos, professores e administrativos. Nossa proposta de trabalho priorizou a melhoria das condições de trabalho dos servidores, a gestão administrativa e pedagógica participativa, a consolidação do Sistema CEFETSC e a melhoria da infra-estrutura de ensino-aprendizagem.

Os recursos, antes insuficientes para atender às demandas reprimidas, foram obtidos a partir da reformulação dos critérios de divisão orçamentária dentro do Sistema CEFET-SC, de um gerenciamento cuidadoso dos custos fixos, da busca de emendas parlamentares, de projetos aprovados em órgãos de fomento e de parcerias com os setores público e privado.

O ambiente educacional, cuja tradição de participação remonta da concepção da instituição em 1990, propiciou o exercício de uma gestão participativa e, sobretudo, transparente.

Os fatos de relevância foram informados para toda a comunidade escolar praticamente em tempo real, através do correio-eletrônico.

A comunidade dispôs de canais de comunicação com a Direção para solicitar o que deveria ser realizado. Através das informações recebidas, a cada ano foi organizado um planejamento participativo. Diversos convênios foram realizados e, dessa forma, a instituição manteve-se em lugar de destaque no município. Em um dos convênios cedemos algumas salas de aula para a instalação da primeira Universidade Pública Municipal do país. Isso aproximou a instituição do poder público municipal gerando como contrapartida a doação de livros para a Biblioteca e a pavimentação e urbanização da entrada da Unidade, obra que vinha sendo pleiteada há anos sem sucesso.


Mas o mais importante: Não nos esquecemos em nenhum momento de que uma instituição educacional deve ter como foco principal o aluno. De nada adianta a boa-vontade dos dirigentes se as salas de aula, a biblioteca, os laboratórios não se configurarem como locais privilegiados para o processo de ensino-aprendizagem. A biblioteca da Unidade foi totalmente revitalizada, tendo seu espaço climatizado, mobília substituída, computadores novos instalados e acervo renovado. Já as salas de aula receberam acesso à internet, climatização, kits multimídia, mapas e bandeiras entre outras melhorias.

Nesse texto, vamos detalhar como realizamos nosso trabalho em sinergia com nossa comunidade. Esperamos assim colaborar para a reflexão dos gestores escolares brasileiros de que é possível se realizar uma gestão verdadeiramente participativa e de resultados concretos.